Diário de uma Paixão(Ryan Gosling, Rachel McAdams, James Garner, Gena Rowlands, Sam Shepard, Joan Allen, James Marsden)
(Direção: Nick Cassavetes)
(New Line Cinema)
(Warner)
(2004)
Sinopse:
O filme conta uma história dentro de uma história. Duke lê um romance para uma senhora em uma espécie de asilo. Na medida em que ele vai lendo, são apresentados na tela os acontecimentos que marcaram o encontro entre Noah e Allie no verão de 1940, e a grande paixão que nasceu daí. Conforme Duke desenrola o romance, alguns dos seus parentes e mesmo médicos, tentam dissuadí-lo desta prática. O porquê é mostrado no final do filme, em um desfecho emocionante, desvendando os reais motivos que fizeram Duke levar a termo sua leitura.
Comentários:
Entre idas e vindas ao passado de 1940, o filme não se mostra massante. Mesmo tratando-se de um romance (com altas doses de drama - ou seria um drama com altas doses de romance, você escolhe), acontecem coisas previsíveis, típicas de comédias românticas: pobretão apaixonado por riquinha mimada e viceversa são perseguidos pelos pais da menina, mas o amor acaba vencendo. Não espere nada diferente disso. Quando o filme volta ao presente, as cenas da dupla de idosos não é cansativa. À medida que o filme caminha para o final, o mistério que cerca esta atividade de leitura de Duke para a senhora pode ser adivinhada antes do desfecho, pois há muitas "bandeiras" que deixam a entender que acontecerá exatamente o que o espectador pensa que acontecerá. Mas ainda assim, não é um mal filme, e não insulta a inteligência do espectador (se este for acostumado a comédias românticas). Altamente recomendável assistir com a namorada, noiva, esposa, que acharão o filme "lindo" e "bonitinho" e esses adjetivos todos que são usados pelas mulheres, que são, afinal, o público alvo da produção.
Roteiro:
O filme começa mostrando uma casa de repouso para idosos com uma senhora (Gena Rowland) em avançado quadro de doença degenerativa da memória, olhando pela janela uma bonita paisagen com aves voando e uma lagoa ou lago ou rio ao fundo.
Uma enfermeira entra no quarto acompanhado por um senhor, Duke (James Garner) que está lá para ler para ela um romance que carrega em mãos. A princípio a senhora mostra-se reticente, mas acaba cedendo. Eles vão para um lugar mais arejado e ele começa a ler a história de Allie Hamilton (Rachel Mc Adams) e Noah (Ryan Gosling). Não começa, continua, pois ele dá a entender, quando diz: "onde paramos?" que ele já começara a leitura em outra oportunidade.
Quando ele começa a ler a história, partimos para 1940, em um parque de diversões, onde observamos Noah perguntando a seu amigo sobre uma menina que os dois observavam. Seu amigo responde que a garota é Allie Hamilton, rica herdeira e os olhos de Noah demonstram interesse. Neste ponto achei que Noah estava mais a fim da fortuna da patricinha mimada que que dela.
Noah se oferece para a Allie na frente dos amigos desta, na maior cara de pau quando ela sai do brinquedo que estava e ela o rejeita sem o menor constrangimento.
Ele não desiste e quando ela está na roda gigante com um colega, Noah arrisca a própria vida se agarrando nas engrenagens, e pedindo mais uma vez para ela sair com ele. Nova recusa dela, apavorada com as atitudes insanas. Ele solta uma das mãos e diz que não está conseguindo mais se segurar. Sob pressão, ela diz que iria sair com ele. Noah diz que não precisa da pena de ninguém. Neste ponto o parque inteiro parou fazendo pressão para ela sair com ele. Vencida, ela grita "eu quero sair com você", e ele diz, "já que insiste" ou qualquer coisa que o valha e finalmente desce da roda gigante.
Na cena seguinte ela faz que não lembra do ocorrido ao se deparar com ele "ao acaso" na rua negando mais uma vez um encontro.
O amigo em comum dos protagonistas faz então uma armação: marca de ir ao cinema com a namorada e Allie, sem que esta saiba que Noah também fora convidado.
Depois do cinema, os casaizinhos se separam e Allie faz companhia a Noah.
Deste ponto em diante o filme é extremamente previsível: eles se apaixonam.
O filme fica ainda mais previsível: os pais são contra por ele ser pobre.
Ainda mais previsível: Noah banca o compreensivo e diz que os pais estão com a razão.
Não continue lendo a partir daqui que eu vou estragar as surpresas que faz o filme fugir (um pouco) da sua previsibilidade.
Allie diz que quer fazer amor com Noah, quando ele a leva para uma casa abandonada no meio da noite. Ele diz que um dia compraria aquela casa e a reformaria. Ela começa a dar palpite no sonho do Noah e diz que quer as janelas azuis e varandas para todo lado e um lugar para ela poder fazer suas pinturas. Ele conscente sob juramento que será como ela disse. Ela então despe-se, acompanhada por ele, e os dois deitam-se no chão quando o amigo de Noah adentra o recinto interrompendo os dois.
Ante os protestos do casal, o amigo diz que os pais da Allie estão enlouquecidos e que puseram até a polícia para procurá-la. Ao chegar na casa dela, Noah diz que a culpa é dele. Este é deixado esperando, enquanto ocorre a cena básica dos pais brigando com a filha no aposento ao lado dizendo que o Noah não está a altura dela e que ela não é para o bico dele. Ele simplesmente sai andando da casa e deixa a menina brigando com os pais. Allie se revolta e sai correndo atrás de Noah.
Então ele dá uma de "não sirvo para você, seus pais tem razão" e brigam. No dia seguinte Allie acorda e fica sabendo que os pais resolveram interromper as férias naquela manhã e já estavam de partida. Ela corre até o canteiro de obras que Noah trabalha, mas só encontra o amigo dele. Ela o faz jurar que este diria a Noah que ela esteve ali e que o amava.
Quando Noah chega, recebe a notícia do amigo e corre para a mansão onde Allie estava hospedada, mas dá com a cara na porta. Todos eles já tinham partido. Ele então escreve 365 cartas para ela, uma por dia, durante um ano. Óbvio que a mãe (Joan Allen) intercepta todas as cartas e, depois de um ano, Noah vai para o exército.
Allie se voluntaria como enfermeira para cuidar de soldados feridos, na esperança de encontrar Noah, mas encontra, na verdade, o oficial Lon (James Marsden), malgrado estar todo escoriado e cheio de talas, ainda encontra forças para cortejá-la.
Ela acaba apaixonando-se pelo oficial e fica noiva dele, para contentamento dos pais dela. Nesse meio tempo, Noah não se acertou com ninguém.
Noah, já de volta do exército, estava andando de ônibus na cidade grande e vê Allie passando. Ele desce do ônibus e vê sua amada entrar em um prédio que parece ser um restaurante e a vê beijando seu oficial. Noah, sem ser percebido, volta para casa com dor de cotovelo, mas cumpre a promessa que fez a Allie, reformando o antigo casarão. Conseguiu o dinheiro, parte com a venda da antiga casa do seu pai (Sam Shepard), parte com o soldo do Exército.
Quando a casa ficou pronta, o pai de Noah já tinha morrido. Saiu em um jornal uma foto do Noah com a casa toda reformada ao fundo.
Quando Allie estava experimentando o vestido de noiva, com sua mãe e um monte de amigas em uma sala, foi-lhe mostrado o jornal com a notícia do seu grande casamento e, quando esta, ao lado da mãe, desdobra o jornal, ela, óbvio, vê a foto do Noah e desmaia.
Allie então vai ao trabalho do futuro marido e conta que ela nunca mais pintou, que precisa dar uma escapada, clarear as idéias, mas que ele não precisava ficar preocupado. Ele fica, então tranquilo e diz que ela poderá tomar o tempo que quiser. Ela aproveita para dizer que vai voltar a Seabrook (onde mora seu antigo amor, mas ela não conta isso a ele).
Ela chega à casa reformada e depois de um clima de tensão em que Noah fica mudo e ela tagarela, ela acaba entrando a convite deste, que mostra como a casa ficou. Ela entra e juntos relembram os momentos passados.
Após um passeio de barco, ela pergunta porque ele nunca escreveu. Ele diz que escreveu 365 vezes, e acabem se beijando.
Ela transa com ele ficando uns dias sem dar notícia à família ou ao noivo. Sua mãe aparece na casa do Noah e a pega só de lençol. Noah havia saído. Allie perguntou das cartas escritas e a mãe disse que era verdade pegando no carro algumas, entregando-as à filha.
A mãe diz que no passado ela mesma tinha sofrido dor semelhante. Leva a filha a um passeio de carro, parando em um canteiro de obras, onde mostra seu antigo amor, mas preferiu a fortuna do pai.
Allie volta para encontrar Noah sentado à varanda e diz que Lon está na cidade. Eles brigam de novo e ela diz que qualquer decisão que ela tome alguém sai ferido e que nada era fácil. Então Allie sai de carro, quase causa um acidente e lê uma das antigas cartas que Noah escrevera para ela emocionando-se ainda mais.
Nisto, pano rápido e cortamos de novo para Duke, no jantar com a velha senhora que lhe pergunta o que acontece em seguida naquela história.
Nisto voltamos ao passado:
Allie está com Lon em um quarto de hotel. Ele diz que a ama e ela diz que já sabe o que deve fazer, ficar com ele, seu noivo.
Neste ponto, voltamos ao Duke que diz: "e eles viveram felizes para sempre!"
A Senhora: "quem, quem viveu feliz para sempre?"
e então...
a velha diz: "sim, agora me lembro, naturalmente..." ou qualquer coisa assim e acaba se lembrando que, na verdade, Duke é o Noah e ele está lendo para ela, Allie, a história deles dois.
Os velhinhos se emocionam e se abraçam. Ela pergunta quanto tempo eles têm e Noah/Duke responde que da última vez foram 5 minutos. Os dois dançam felizes, mas logo a Allie idosa perde a memória, no momento da dança. Ela se descontrola por estar agarrada àquele homem que ela não conhecia e tem que ser imobilizada pelos enfermeiros, que adentram o local.
Duke fica desolado, e no dia seguinte vai visitá-la em seu aposento. Ela lembra-se dele de novo. Deita-se o lado dela e os dois são encontrados mortos pela enfermeira do ínício da história.
A descrição ficou longa, mas são na verdade DUAS histórias que acontecem simultaneamente: o Noah do presente (Duke) contando para a Allie do presente (A Senhora com Alzhaimer) do Noah do passado com a Allie do passado. O filme deixa a entender que esta não é a primeira vez que Duke tem este trabalho e sempre, no final, ela se lembra para depois, esquecer-se de novo.
Apesar das previsibilidades durante parte do filme, é uma bonita e comovente história, aconselhado para assistir com a família, mas tirem as crianças da sala (censura 14 anos - cenas de nudez e insinuação de sexo, lembra?).